Na medida em que nossos filhos crescem nos deparamos com o enorme desafio de identificar as situações em que nossa proteção, nossas orientações, já não são mais tão necessárias.
Vamos tendo que nos adaptar e reconhecer cada nova fase, que muda com uma velocidade impressionante!
Esses dias, Sofia (6 anos) chegou em casa dizendo: “a mãe de Vanessa não a deixa fazer nada do que ela deveria deixar!”
“O que por exemplo?” Quis saber…
“Ela deveria poder tomar banho sozinha, já tem 6 anos. Mas a mãe acha que tem que ficar junto” – disse Sofia com ares de inconformada.
Fiquei pensando se este também poderia ser um recado para mim… Será que deixo minha filha fazer tudo o que ela já pode e consegue fazer sozinha? Tudo bem, já faz tempo que ela toma banho sozinha, mas fiquei intrigada: por que ela estava me dizendo aquilo?
Não é fácil reconhecer essas mudanças tão rápidas. Não é fácil saber o nosso limite de intervenção. É, sim, difícil deixar nossos filhos escolherem o caminho! Seja por carinho, cuidado, preocupação ou por dificuldade de perceber/acreditar o quanto já cresceram e são capazes.
Dias depois, passeando por uma livraria, nos encantamos com o livro “A Princesa que Escolhia”, da escritora carioca Ana Maria Machado. A autora conta a história de uma princesa muito boazinha e bem-comportada. Boazinha até demais! Obedecia tudo. Concordava com todos. Uma verdadeira maria-vai-com-as-outras.
Mas, a sorte é que um dia ela disse: Desculpe, mas acho que não! Podem imaginar o espanto que isso causou?
Depois de receber um castigo e ficar isolada do resto do castelo, a Princesa acaba descobrindo um novo mundo, cheio de coisas para aprender e pessoas para conhecer. Aprende a brincar de formas diferentes, a compartilhar e a descobrir coisas novas nos livros e na Internet.
Certo dia, com tanto conhecimento novo, a princesa ajuda a salvar o reino de uma doença e não só é liberada de seu castigo, mas também lhe é oferecida uma recompensa.
O que a princesa escolhe como prêmio? O direito de escolher sempre!
Aprendendo a dizer não, ela também aprende a dizer sim! E aprende que respeitar o próximo não significa concordar sempre com ele.
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Mariana Wisnivesky é psicóloga. Mestre em Psicologia Educacional pela UNICAMP (2003). Formação em Psicoterapia Psicanalítica, em 2001-02 e Formação em Orientação Profissional, em 2007. Atende em consultório particular desde 2001 em Campinas-SP.
Mari é mãe da Sofia (6 anos) e Luisa (3 anos).